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Por estar sem internet, mais da metade no Brasil deixa de usar banco ou estudar

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A falta de acesso à internet no Brasil faz com que cidadãos deixem de utilizar serviços bancários e até mesmo de estudar. É o que aponta uma pesquisa divulgada pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) em conjunto com o Instituto de Defesa do Consumidor (Idec).
Com foco na desigualdade de conexão digital no país, o levantamento revela que 35% das pessoas com renda de até 1 salário mínimo e 35,6% daquelas que recebem entre 1 e 3 salários mínimos ficaram sete dias ou mais sem acesso à internet móvel nos dias que antecederam a pesquisa.
O cenário é ainda mais preocupante para consumidores de menor renda. O estudo aponta que 11,6% relataram ter ficado mais de 15 dias sem acesso, percentual cerca de seis vezes maior do que o observado entre quem tem renda superior a 3 salários mínimos.
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“Outro ponto de atenção é que, por estar sem franquia de dados no celular e sem acesso ao Wi-Fi, 63,8% dos brasileiros deixaram de utilizar serviços bancários ou financeiros; 56,5% deixaram de acessar plataformas do governo; 55,2% deixaram de estudar; e 52,3% deixaram de acessar serviços de saúde”, ressaltam os órgãos no estudo.
A pesquisa foi realizada entre agosto de 2023 e junho de 2024, com 593 entrevistados usuários de serviços de telefonia celular (pré e pós-paga) ou banda larga fixa, todos com mais de 18 anos e de diversas regiões do país.

Impacto da publicidade e compra de eletrônicos​

O levantamento também revela o impacto da publicidade no consumo de internet móvel. Mais de 50% dos entrevistados de todas as faixas etárias disseram que vídeos publicitários aparecem com muita frequência (sempre ou muitas vezes).
Outro ponto analisado é a disparidade na compra de celulares por faixa de renda. Entre os indivíduos com renda de até 1 salário mínimo, 51% afirmaram ter aparelhos com valor inferior a R$ 1 mil.
Já nas faixas de renda mais elevadas, há predominância de celulares mais caros, evidenciando a barreira financeira no acesso a dispositivos modernos. Ainda assim, mais de 50% dos entrevistados em todas as faixas de renda disseram ter adquirido o celular há menos de dois anos, o que indica renovação relativamente recente dos aparelhos.
Mexendo no celular

Estudo evidencia que pessoas com rendas mais elevadas têm mais acesso a celulares mais modernos (Freepik/wirestock)
Em contraste, entre aqueles que afirmaram não ter computador de mesa ou portátil, 47% apontaram o custo de aquisição como principal motivo. A falta de interesse e a dificuldade de uso foram outras justificativas apresentadas por quase 30% dos entrevistados.
“Essa lacuna na posse de computadores contrasta com o fato de que as pessoas geralmente preferem usá-los, em vez do celular, para tarefas essenciais, como acessar serviços do governo, bancos, atendimento médico e compras online”, conclui o estudo.

Nível de satisfação dos consumidores​

O levantamento também avaliou o nível de satisfação dos consumidores em quatro aspectos. As notas médias nacionais foram:
  • Aparelho celular: 8,3
  • Habilidades digitais: 8,2
  • Infraestrutura (serviço de internet fixa e móvel): 7,6
  • Atendimento às necessidades de conexão: 7,8
A pesquisa aponta que a satisfação com as próprias habilidades digitais é significativamente menor entre os mais vulneráveis — pessoas com renda de até 1 salário mínimo e idosos. O estudo sugere ainda que muitas pessoas podem se considerar mais aptas a lidar com o mundo digital do que realmente estão.

Desigualdade e desafios de conectividade​

Para Lucas Marcon, advogado do programa de Telecomunicações e Direitos Digitais do Idec, os dados da pesquisa mostram que a necessidade de políticas públicas voltadas ao acesso à internet tem relação direta com a defesa e a promoção de direitos fundamentais.
“A desigualdade também se reflete no setor de telecomunicações. Precisamos de uma política mais ampla de acesso à banda larga e a outros meios de conexão que não sejam limitados”, afirma Marcon.
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Fonte: Canal Tech
 
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