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Quem é César Lattes, homenageado pelo Google no doodle desta quinta-feira

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O Google homenageou o físico brasileiro César Lattes no doodle desta quinta-feira (11). Lattes nasceu na cidade de Curitiba-PR no dia 11 de julho de 1924 e faleceu em 2005 — hoje, então, seria seu 100º aniversário.
O legado científico de César Lattes é imenso, com destaque para a descoberta da partícula subatômica pion, ou méson pi: o trabalho da equipe composta pelo brasileiro rendeu um Prêmio Nobel de Física, mas foi creditado apenas ao líder do grupo.
Além disso, o físico homenageado também foi um dos responsáveis pela criação do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), uma das principais entidades que incentivam a pesquisa científica no Brasil.
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O pion e a polêmica do Nobel​

César Lattes se formou em Física pela Universidade de São Paulo e começou a estudar raios cósmicos na década de 1940, com direito a um laboratório montado no pico de Chacaltaya, na Bolívia. Depois, foi para a Universidade de Bristol, na Inglaterra, para trabalhar em pesquisas com seu professor Giuseppe Occhialini e Cecil Frank Powell.
A equipe usava chapas fotográficas para registrar os raios no topo das montanhas e então Lattes propôs um novo modelo de chapa com adição de boro. A novidade permitiu identificar uma nova partícula, chamada méson pi ou pion.
Os resultados foram publicados na revista Nature e, em 1950, Cecil Frank Powell recebeu o Prêmio Nobel de Física pela descoberta — apesar do papel importante de Lattes no processo, o Comitê do Nobel tinha uma política de premiar apenas o líder da pesquisa até 1960.
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César Lattes fez parte de grupo de pesquisas que ganhou o Prêmio Nobel de Física em 1950 (Imagem: Arquivo Nacional/Domínio Público)
Lattes foi indicado sete vezes ao Nobel, mas não ganhou em nenhuma ocasião. Em entrevista ao Jornal da Unicamp, em 2001, o físico lembrou as duas principais oportunidades:
"Sabe por que eu não ganhei o prêmio Nobel? Em Chacaltaya, quando descobrimos o méson-pi, se publicou: Lattes, Occhialini e Powell. E o Powell, malandro, pegou o prêmio Nobel pra ele. Occhialini e eu entramos pelo cano. Ele era mais conhecido, tinha o trabalho da produção de pósitrons, em 1933.
Depois fui para a Universidade da Califórnia, onde foi inaugurado o sincrociclotron, em 1946. Já era 1948 e estava produzindo mésons desde que entrou em funcionamento em 1946, tinha energia mais que suficiente. Então, detectamos, Eugene Garden e eu, o méson artificial, alimentando a presunção de retirar do empirismo todas as pesquisas que se relacionassem com a libertação da energia nuclear. Sabe por que não nos deram o Nobel? Garden estava com beriliose, por ter trabalhado na bomba atômica durante a Guerra, e o berílio tira a elasticidade dos pulmões. Morreu pouco depois e não se dá o prêmio Nobel para morto. Me tungaram (sic) duas vezes".

Plataforma Lattes​

César Lattes retornou ao Brasil em 1948, com passagens pela USP, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF) e Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Na cidade do interior paulista, Lattes ajudou a fundar o Instituto de Física, tornou-se professor titular por lá e foi diretor do Departamento de Raios Cósmicos, Altas Energias e Léptons.
O físico também foi protagonista no meio científico brasileiro, importante na criação do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), que até hoje auxilia na distribuição de bolsas de estudo em universidades. A Plataforma Lattes, que reúne currículos de estudantes, professores e pesquisadores de graduação e pós-graduação, recebeu esse nome em sua homenagem.
César Lattes faleceu em Campinas-SP no dia 8 de março de 2005, aos 80 anos de idade, vítima de uma parada cardíaca.

Sobre o doodle​

A ativação inclui o rosto de Lattes e uma série de partículas que formam o nome do Google — ao clicar sobre o banner, é possível acessar a tela de pesquisa sobre o físico. A empresa informa que o doodle foi exibido em Brasil, Irlanda, México e Reino Unido no dia de hoje.
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Fonte: Canal Tech
 
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